domingo, 28 de junho de 2009

Dois presidentes nordestinos



A verba que os presidentes militares economizaram aos cofres públicos serviu para que desconhecêssemos muitas verdades, como esta que circula pela Rede.




Ao ver Lula defendendo seu filho que recebeu R$ 15 milhões de reais da TELEMAR para tocar sua empresa, Élio Gáspari publicou essa história buscada no fundo do baú:


Em 1966 o presidente Castelo Branco leu nos jornais que seu irmão, funcionário com cargo na Receita Federal, ganhara um carro Aero-Willys, agradecimento dos colegas funcionários pela ajuda que dera na lei que organizava a carreira. O presidente telefonou mandando que ele devolvesse o carro. O irmão argumentou que se devolvesse ficava desmoralizado em seu cargo.


O presidente Castelo Branco interrompeu-o dizendo:

- “Meu irmão, afastado do cargo você já está! Estou decidindo agora se você vai preso ou não”.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Marimbondos e outros insetos



Recorro à expressão cunhada pelo deputado medieval Edmar Moreira/DEM-MG de ‘vícios da amizade’ para explicar para mim mesma o motivo pelo qual sinto-me desconfortável de inicio pela dureza do artigo de Nivaldo Cordeiro. Parodiando o deputado medieval, digo do meu 'vício afetivo' : O discurso do Sarney, que começa deste jeito:

'Eu sempre soube que Vossa Excelência, senador José Sarney, nunca foi um estadista, no sentido dicionarizado de ser uma pessoa que tem liderança política e sabedoria para se portar acima dos interesses gremiais menores e em prol dos interesses gerais. Sempre me pareceu que Vossa Excelência pautou sua vida política pela mesquinharia, pelo compadrio, pelo usufruto do poder de Estado para fazer prevalecer seus instintos de clã naquilo que tem de mais retrógrado. Tem me parecido que a ética dos cupinhas é a que preside as suas relações de poder, desde a origem.' Nivaldo Cordeiro


Não bastasse o desconforto causado pelo meu vício afetivo, todo o farto noticiário e o editorial do DomínioFeminino também não me permitem sossego. Há no fundo de minhas lembranças, uma imagem do homem Sarney como pessoa gentil, sensível, generosa e até bonachona. Está bem, também há a imagem de um homem esperto nos negócios, mas que até aqui nada desabona se por esperteza entende-se um bom negociador empresarial. Acho que há esperteza das duas formas; a de levar mais vantagem e a de saber reconhecer um bom negócio a sua frente. Pode estar aqui meu maior desconforto.

Há a lembrança de um homem remoído pelo susto e pela pressão quando de sua posse, como se o padrinho da noiva, de repente, com a desistência do noivo tivesse que assumir o lugar. Um homem perplexo com as tantas e imensas dificuldades políticas a serem enfrentadas e não teria conseguido se não lhe valesse a esperteza política, a esperteza da qual não gosto; todavia, não vejo como sobreviver nesta forma degradada imposta pelo Sistema do Cabresto da centralização do poder. O excesso de poder que tem um presidente no Brasil equivale ao direito de poder tudo, de poder transformar-se até em ditador sem que nada possa ser feito para antecipar ações impeditivas.

Além do mais, não se trata de ser o Senador José Sarney, um homem que faz política à moda antiga porque não vemos nenhum dos jovens políticos, desses meninos que já chegaram há algum tempo ou os recém-chegados, fazerem qualquer coisa de diferente. Nem poderão fazer a menos que optem pelo suicídio político. Nosso Sistema Federativo é retrógrado e viciado em si mesmo. Este meu tempo não viu nenhum político arriscando-se a mudar nada.

A única coisa da qual poderia acusar o ex-presidente José Sarney, sem dó nem piedade seria o fato de que ele não teve coragem para promover alguma mudança no Sistema. E isto, sempre irei cobrar de todo e qualquer vereador, deputado estadual, federal, senador e presidente da república. Enquanto faço as cobranças o gelo continua molhado.

Em outro momento deduzo que meu desconforto ocorre porque o ex-Presidente e atual Senador está ligado – na minha memória afetiva - à beleza dos casarios e dos azulejos de São Luis e, à noite, a lua se espelhado nas pedras de Portugal, bem no alto da Rua do Sol..

Nada disso, esse final patético de pretensiosa tanto quanto ordinária prosa poética acho que é para aplacar minha eterna perplexidade, para suportar tantos marimbondos de fogo e toda a rica fauna política brasileira protegida por leis com vistas à preservação. Enfim talvez, ainda possa ser uma tristeza grande por ver o quanto um homem público joga no lixo uma biografia que poderia ter sido escrita de melhor forma, com um final menos melancólico.


Está longe a hora de acreditar que o Sarney é o último dos marimbondos.

Verde pela Liberdade do Irã!

terça-feira, 9 de junho de 2009

A AGU E CNJ

A AGU e o CNJ assinam acordo, hoje, acabando com a prática da Agvocacia Geral da União de recorrer automaticamente de qualquer decisão judical desfavorável. A medida deve reduzir em até 2 milhões os processos em tramitação - O Globo em 15:02 09/06/2009.

Certa vez perguntei a uma Promotora - que é de esquerda - da AGU, qual era o sentimento dela quando tinha que 'fazer perder' a causa de uma mulher cuja vida do filho havia sido ceifada por descaso do Poder Público, mesmo sabendo que a mãe da vítima tinha razão. - É duro, mas é nosso dever fazê-la perder a causa -, respondeu-me. Isto é que é exemplo de ex-guerrilheiros saciados.

domingo, 7 de junho de 2009

BANALIDADE DO MAL


Maria Lucia Victor Barbosa
29/05/2009

Estaremos no fim de uma era? Essa pergunta não pretende uma interpretação milenarista de cunho profético ou religioso, que prevê catástrofes destruidoras da ordem vigente, a qual seria substituída por tempos de felicidade. Mesmo porque, dificilmente dá para imaginar um mundo onde o mal deixe de ser o locatário.
Seja como for, não se pode deixar de constatar que o mal tem estado bastante ativo. Pior. Está se vivendo a banalidade do mal, expressão da filósofa judia, Hannah Arendt, que tomo emprestado.
Isto não é difícil de constatar, pois nessa época em que valores foram perdidos, os horrores da violência, da impiedade, da indiferença à vida, aumentaram substancialmente. Lideranças perniciosas manipulam a maioria incapaz de discernir sua própria ruína. Através de conceitos deturpados governos utilizam o “duplipensar”, termo criado por George Orwell em “1984”. Desse modo, despotismo passa por democracia. Populismo é visto como defesa dos interesses do povo. Arbitrariedades de toda espécie são apresentadas como exercício de soberania. Intoxicadas pela propaganda enganosa as massas louvam e cultuam personalidades equivocadas. Evolui no mundo o terrorismo que se alimenta do fanatismo religioso. Avoluma-se a corrupção nos meios governamentais e políticos estão se lixando para a opinião pública. Eles sabem que na verdade opinião pública inexiste. Mesmo porque, façam o que fizerem, são eleitos e reeleitos.
Se tudo é processo, foram gestadas nas mudanças mundiais figuras malignas, entre as quais se destacam Mahmoud Ahmadinejad, o fanático e despótico presidente do Irã, e Kim Jong-il, o tirano comunista da Coreia do Norte.
Ahmadinejad, que nega o holocausto, tem como obsessão destruir Israel. E enquanto o presidente norte-americano, Barack Hussein Obama, prefere as luvas de pelica da diplomacia, Ahmadinejad, o odiento, avança em seu programa nuclear pondo em risco não só Israel, mas todo o mundo.
Quanto ao ditador Kim Jong-il, deu demonstração de força ao realizar neste mês de maio seu segundo teste nuclear. Ele explodiu um artefato que pode ter potência comparável à bomba que os Estados Unidos lançaram em Hiroshima, em 1945. Isto além dos mísseis que vem lançando, o que põe em alerta especialmente a Coreia do Sul e o Japão. Um dos mísseis que fazem parte do arsenal da Coreia do Norte, o Taepodong, pode atingir o Alasca e o Havaí. Naturalmente tais atos desencadearam a reprovação mundial, inclusive, a do Conselho de Segurança (CS) da ONU. Até a China, que sustenta a miserável Coreia do Norte se posicionou contra as provocações do homenzinho.
O leitor pode indagar: o que o Brasil tem a ver com tais turbulências? Respondo que tem a ver com a banalização do mal. Isto porque, nossa política externa, comandada de fato por Marco Aurélio Garcia, tem demonstrado uma atração irresistível para o que não presta.
Por exemplo, Ahmadinejad foi convidado a nos visitar mesmo após seu discurso violento contra Israel, pronunciado na conferência sobre racismo promovida pela ONU. Felizmente ele cancelou a vinda e pesaram para isso os protestos de judeus e de movimentos sociais contra a presença nefanda. Ahmadinejad deixou, por assim dizer, seu anfitrião e presidente da República, Lula da Silva, esperando no aeroporto.
Kim, chamado de o “Grande Sol do século 20”, também merece a paixão de nossa diplomacia. Tanto é que pela primeira vez o Brasil poria uma embaixada na Coréia do Norte. O presidente Lula da Silva teve que recolher às pressas a tal embaixada, que ficou postergada para quando o tresloucado tirano, quem sabe, ficar mais calmo e parar de provocar o mundo do alto de seus sapatos de plataforma, tentativa de aumentar sua diminuta estatura.
Na ONU o Brasil vem consolidando a posição de poupar países acusados de violar direitos humanos, como a Coréia do Norte e o Congo. Tampouco menciona esses direitos em seus negócios com a China. E votou a favor de uma polêmica resolução na ONU que poupa críticas ao governo da Sri Lanka e evita investigação internacional sobre crimes de guerra.
Estamos à beira de perder mais um cargo internacional, entre os muitos que já perdemos, diante da escolha do Itamaraty que recai sobre um egípcio antissemita para diretor da UNESCO, em detrimento de um brasileiro.
Na América Latina existe um indisfarçável caso de amor entre Lula da Silva e seus admirados companheiros da esquerda caudilhista: Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correia, Fernando Lugo e o eterno ditador do Caribe, Fidel Castro. Na áfrica o presidente da República visita ditadores e pergunta como fazer para ficar tanto tempo no poder.
Para culminar, o terrorista e assassino italiano, Cesare Battisti, é nosso, sem possibilidade de extradição para a Itália. E, segundo Janio de Freitas, colunista da Folha de S. Paulo, em 26/05/09, “está preso no Brasil, sob sigilo rigoroso, um integrante da alta hierarquia do Al Qaeda, identificado como responsável pelo setor internacional da organização”.
Posteriormente foi dito que o homem chamado apenas de K tinha sido solto e o ministro da Justiça, Tarso Genro, defensor da permanência de Battisti no Brasil, desmentiu o relacionamento de K com a organização terrorista. Será isso mesmo?
Tudo é aceito com indiferença. Tudo está banalizado. Inclusive, o mal.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
mlucia@sercomtel.com.br