terça-feira, 4 de agosto de 2009

HEALTH-CARE TEA PARTY americano


















A campanha do Tea Party, um grass roots *, que toma conta dos Estados Unidos soará aos brasileiros como um protesto inconcebível. Como pode o povo americano não desejar que o governo federal tome conta da saude deles? E daí virá uma enxurrada de idéias conspiratórias contra Barack Obama. Bin Laden.

Realmente é muito difícil para nós brasileiros compreendermos situação igual a esta. Para tanto seria necessário que soubéssemos como funciona a cabeça de um autêntico americano, assunto que poucos de nós seremos capazes. Um povo que não gosta de bolsa-família, nem bolsa-saude.

Promessa de campanha de Obama, a reforma da Saude que engloba os planos de saude privados não é matéria que suporte ingerência do Estado porque está fora da leitura constitucional. Está fora da leitura constitucional por um motivo simples: não consta da constituição americana e a doção de uma empresa estatal quebra a estrutura administrativa vigente desde a criação da Constituição americana. Os economistas não devem fazer apenas essa leitura.

A intenção de Obama é estatizar o sistema de saude. É criar uma estatal para aglutinar todos os cidadãos e assim negociar com a iniciativa privada. Ou seja, é o Estado concorrendo com a iniciativa privada, indo além do papel que cabe ao Estado. E, o presidente vai além do que cabe ao poder presidencial que tanto assombrou todos os estados, antes da União, que temiam que o presidente tivesse poderes de rei e dessa forma, pudesse lhes cassar a autonomia.

Por não se tratar da vontade geral e sim da vontade de todos é que a campanha tem tomado rumo agressivo e determinado em barrar a votação do projeto no Congresso.

O argumento trata da elevação de impostos federais que recairiam sobre o contribuinte norteamericano e que não ficam fora das leis constitucionais. A autonomia dos Estados será ferida pelo Executivo, ainda que o Congresso assente o de acordo. Ao Welfare cabe apenas indicar as linhas mestras do Bem Estar na relação com a Saude, respeitando as autonomias dos Estados e não impor-se por lei nacional. Se Obama está no caminho para induzir quebra constitucional sem contar com a vontade de todos, vai acabar pegando o chapéu de Zelaya.


Article I
Section 8. The Congress shall have Power To lay and collect Taxes, Duties, Imposts and Excises, to pay the Debts and provide for the common Defence and general Welfare of the United States*; but all Duties, Imposts and Excises shall be uniform throughout the United States;


Uma pequena viagem pela História dos Estados Unidos dará sentido à campanha do Tea Party, desde seu título, que não é gratuito:


Em 1773, o Parlamento inglês concedeu o monopólio do comércio do chá à Companhia das Índias Orientais, da qual muitas personalidades inglesas possuíam ações. Os comerciantes rebeldes estadunidenses que se sentiram prejudicados disfarçaram-se de índios peles-vermelhas, assaltaram os navios da companhia que estavam no porto de Boston e lançaram o carregamento de chá no mar (Festa do Chá de Boston). AInglaterra reagiu de imediato com um conjunto de leis que os americanos chamaram de "Leis Intoleráveis" (1774): fechamento do porto de Boston; indenização à companhia prejudicada e o julgamento dos
envolvidos, na Inglaterra.


As reações dos colonos foram, de início, exaltadas, mas pacíficas: exigiram o direito de eleger representantes para o Parlamento de Londres (para poderem discutir e votar as leis que lhes diziam respeito), passando depois a atos de boicote às mercadorias inglesas. Esta guerra econômica desencadearia motins e forçou o governo inglês a alguns recuos, que contudo não satisfizeram os colonos. O conflito agravou-se com a presença de tropas enviadas para conter os protestos. Como resposta, em 1774 os representantes das colônias americanas, exceto Geórgia, enviaram seus delegados a Filadélfia, num primeiro Congresso Continental que, a partir daí, embora com divergências no seu seio, foi a voz política dos colonos.
(Fonte mais fácil: Wikipedia)

A revolta do Chá foi muito séria, não foram passeatas como nos dias de hoje estão ocorrendo por lá. Desta quase guerra sairam pontos sérios que foram absorvidos pela Constituição americana e, portanto, pela cultura política entranhada nos indivíduos. Para o povo americano, o excesso de impostos tem o mesmo significado de escravidão e dentro do contexto histórico, as Câmaras, principalmente a Alta, o Senado, estariam no papel dos Ingleses do Tea Party.

A Festa do Chá que está sendo estimulada contra o imposto do Health Care de Obama, apresenta uma conta muito alta para os políticos americanos, como se pode ver no video, o sufoco do deputado democrata Tim Bishop. O povo está mantendo todos em um cerco intransponível a ponto ( ver no youtube ) de fazer com que alguns acossados recorram à polícia para sair do local no qual se encontra a população dos que protestam. Veja os vídeos.

Não sabemos nada sobre coisas assim. Não cercamos nenhum vereador ou deputado, seja estadual ou federal, nenhum senador para fazê-los sentir nossa indignação ou fazê-los representar nossos direitos e o único homem brasileiro que se opôs aos impostos abusivos ficou falando, solitariamente, no quinto dos infernos. Entre nós, basta o voluntarismo do Presidente e estão criados vários novos ministérios, secretarias, novas comisssões, cinco novas estatais tudo ao sabor do atendimento ao clientelismo.


Amendment I ( LIBERDADE DE EXPRESSSÃO )
Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free exercise thereof; or abridging the freedom of speech, or of the press; or the right of the people peaceably to assemble, and to petition the Government for a redress of grievances.

Hoje, a solidariedade é maior, e que o digam Lula, Zé Dirceu, Renan, Sarney e os etecéras. E lá, o Obama anda tão em baixa que até a Sra. Mãe dele já anda nua pela Rede.

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* Tradução literal para grass roots: caminho da grama, ou seja, o movimento se espalha acompanhando a grama que encontra pelo caminho.
* To borrow Money on the credit of the United States;
To regulate Commerce with foreign Nations, and among the several States, and with the Indian Tribes;
To establish an uniform Rule of Naturalization, and uniform Laws on the subject of Bankruptcies throughout the United States;
To coin Money, regulate the Value thereof, and of foreign Coin, and fix the Standard of Weights and Measures;
To provide for the Punishment of counterfeiting the Securities and current Coin of the United States;
To establish Post Offices and post Roads;
To promote the Progress of Science and useful Arts, by securing for limited Times to Authors and Inventors the exclusive Right to their respective Writings and Discoveries;
To constitute Tribunals inferior to the supreme Court;
To define and punish Piracies and Felonies committed on the high Seas, and Offenses against the Law of Nations;
To declare War, grant Letters of Marque and Reprisal, and make Rules concerning Captures on Land and Water;
To raise and support Armies, but no Appropriation of Money to that Use shall be for a longer Term than two Years;
To provide and maintain a Navy;
To make Rules for the Government and Regulation of the land and naval Forces;
To provide for calling forth the Militia to execute the Laws of the Union, suppress Insurrections and repel Invasions;
To provide for organizing, arming, and disciplining, the Militia, and for governing such Part of them as may be employed in the Service of the United States, reserving to the States respectively, the Appointment of the Officers, and the Authority of training the Militia according to the discipline prescribed by Congress;
To exercise exclusive Legislation in all Cases whatsoever, over such District (not exceeding ten Miles square) as may, by Cession of particular States, and the Acceptance of Congress, become the Seat of the Government of the United States, and to exercise like Authority over all Places purchased by the Consent of the Legislature of the State in which the Same shall be, for the Erection of Forts, Magazines, Arsenals, dock-Yards, and other needful Buildings; -- And
To make all Laws which shall be necessary and proper for carrying into Execution the foregoing Powers, and all other Powers vested by this Constitution in the Government of the United States, or in any Department or Officer thereof.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Os novos bárbaros aristocratas

Ou, como enganar ignorantes, loucos, crianças e distraidos


Há três espécies de aristocracia: a natural, a eletiva e a hereditária. A primeira não convém senão aos povos simples. A terceira é a pior de todos os governos. A segunda é a aristocracia propriamente dita.

A aristocracia natural viria da força física, exercício de poder, por coerção física, de um homem de maior força do que o outro, tal qual no mundo animal, seria a força da hereditariedade da natureza tribal. A cômoda comparação da força do leão local de uso tão comum em nossos meios, seja o uso dessa força, nas escolas, seja nas ruas, nas boates e nos bairros. A força dos músculos no lugar da força da inteligência.

A terceira força aristocrática se mostra, hoje, em grupos tribais mais ameaçadora do que se poderia imaginar, em vista do aproveitamento; a aristocracia eletiva, tomou outra feição porque conseguiu somar-se à aristocracia natural da força bruta, ao revestir-se em aparente aristocracia eletiva. O governante, principalmente, assumiu compleições voluntaristas de monarca, situando-se acima do Estado e, naturalmente, acima de sua meninada.

A juventude não é a infância. Há para as nações como para os homens um tempo de juventude ou, se assim se quiser, de maturidade, durante o qual é preciso esperar antes de sujeitá-los às leis, mas a maturidade de um povo não é fácil de conhecê-la e, se for antecipada, aborta-se a obra. Um povo pode ser disciplinado ao nascer, enquanto outro não o será mesmo depois de dez séculos. Tal vem sendo demonstrado na América Latina e Central.

No caminhar do projeto — bolivariano — de independência do Foro de São Paulo, órgão que responde pela Nação Bolivariana e tem como Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva — chefe de estado de duas nações, por enquanto — deixa para seu primeiro-ministro, Hugo Chávez, testar e sedimentar as práticas, antes de ventilá-las por aqui, Brasil pouco menos tribal, apenas na aparência. Como se dissesse: ‘tu faz primeiro, tu vai na frente, mostra que dá certo e nós aqui vamos usar como o modelo ‘que deu certo lá’. Assim, o povo fica sabendo e não estranha muito. Não estranhando, esbraveja menos, mas é mais certo que não esbraveje nada. A nova aristocracia eletiva conformada nas Américas Latina e Central tem sua ancestralidade em povos ainda comprometidos com o poder tribal, da força física, daqueles ‘povos simples’, ainda em fase de infância, dotados de menor capacidade de cultura política.

Junte-se ‘povos simples’ com aqueles indisciplinados pela falta de maturidade —, outra vez falta de cultura política por, até aqui, não haver alcançado o pleno entendimento dos direitos civis interligado a uma sociedade- e temos, então, o barbarismo bolivariano. O povo simples não é recomendado para dirigir aconselha-se que dirigentes sejam os maduros — equivalentes a sãos de espírito, equivalentes a honestos -, que são os sábios; isto para um povo que tenha saído da infância, provada a maturidade pela capacidade de seguir na disciplina do cumprimento ao contrato social. Assim foi compreendido, para a feitura* da Constituição americana.

[...]Os tempos modernos têm agora também, esta vantagem evidente, a de ter descoberto o único processo pelo qual esses direitos podem ser assegurados, a saber: governo pelo povo, agindo não em pessoa, mas por meio de representantes eleitos pelo próprio povo, isto é, por todo homem maduro e são de espírito que contribua, quer com sua bolsa, quer com sua pessoa para suporte do país. [...]
Carta de Thomas Jefferson a Adamation Coray, escrevendo de Monticello, 31 de outubro de 1823.


Essa nova aristocracia eletiva de bárbaros que se arranjam para a nova nação comprova-se, não pela vontade geral e sim pela vontade de todos, na ambição de uma nova sociedade sem que tenha alcançado a compreensão do que está inarredavelmente ligado ao direito civil. Assim as crianças preferem o doce ao salgado. E tentar que essas crianças corram para ultrapassar a infância — em queima de etapas — e chegar à vida adulta, sem passar pela adolescência moral, é pedir para que permaneçam imaturas e incapazes de lidar com as responsabilidades decorrentes da vida futura na junção societária sem acordo pactuado que lhes garantam a liberdade para o desenvolvimento de seres políticos. Assim como a natureza estabeleceu limites à estatura de um homem bem formado, além dos quais só produz gigantes ou anões.

O que o homem perde pelo contrato social é sua liberdade natural e um direito ilimitado a tudo o que tenta e que pode alcançar. O que ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo aquilo que possui. Querer queimar etapas finda em perene retrocesso. Ou seja, o Foro de São Paulo — formado por povos cuja massa sem maturidade; primitivos e sem sabedoria, portanto — desenhou o projeto que põe a carroça na frente de bois sem rédeas, o que é bem compreensível saber que os cabeças querem, primeiro, definir e estabelecer uma sociedade sem contrato, sem rédeas civis.

O poder que se origina do amor dos povos é sem dúvida o maior, mas é precário e condicional. O conjunto de mentiras que formam os ideais bolivarianos baseados no discurso pseudoteológico da solidariedade, versão marxista que substitui a antiga caridade cristã, serve como inervação para sustentar a massa desprovida da ossatura do contrato com a sociedade que não pretendem os monarcas planejadores. A falácia da compaixão com os países‘irmãos pobres’ vizinhos encontram respostas, mais uma vez, no pensamento de Rousseau. O condicional, nesta situação projetada, inexoravelmente, fluirá pela estação de contrariedades futuras. Cessados os atendimentos, cessará o amor político entre os pais dessa pretensa grande futura família bolivariana.

A família é, pois, o primeiro modelo, pode-se dizer, das sociedades políticas. O chefe é a imagem do pai, o povo é a imagem dos filhos e todos, tendo nascido iguais e livres, não alienam a liberdade a não ser para sua utilidade. Toda diferença consiste em que, na família, o amor do pai por seus filhos o compensa dos cuidados que lhe dão, ao passo que no Estado o prazer de comandar substituis o amor que o chefe não sente por seu povo.
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Neste artigo o leitor encontrará muito para se distrair. É só descobrir o motivo oferecido com este propósito.

*Até o Merval Pereira voltar das férias continuarei escrevendo feitura em vez de fazimento.

domingo, 28 de junho de 2009

Dois presidentes nordestinos



A verba que os presidentes militares economizaram aos cofres públicos serviu para que desconhecêssemos muitas verdades, como esta que circula pela Rede.




Ao ver Lula defendendo seu filho que recebeu R$ 15 milhões de reais da TELEMAR para tocar sua empresa, Élio Gáspari publicou essa história buscada no fundo do baú:


Em 1966 o presidente Castelo Branco leu nos jornais que seu irmão, funcionário com cargo na Receita Federal, ganhara um carro Aero-Willys, agradecimento dos colegas funcionários pela ajuda que dera na lei que organizava a carreira. O presidente telefonou mandando que ele devolvesse o carro. O irmão argumentou que se devolvesse ficava desmoralizado em seu cargo.


O presidente Castelo Branco interrompeu-o dizendo:

- “Meu irmão, afastado do cargo você já está! Estou decidindo agora se você vai preso ou não”.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Marimbondos e outros insetos



Recorro à expressão cunhada pelo deputado medieval Edmar Moreira/DEM-MG de ‘vícios da amizade’ para explicar para mim mesma o motivo pelo qual sinto-me desconfortável de inicio pela dureza do artigo de Nivaldo Cordeiro. Parodiando o deputado medieval, digo do meu 'vício afetivo' : O discurso do Sarney, que começa deste jeito:

'Eu sempre soube que Vossa Excelência, senador José Sarney, nunca foi um estadista, no sentido dicionarizado de ser uma pessoa que tem liderança política e sabedoria para se portar acima dos interesses gremiais menores e em prol dos interesses gerais. Sempre me pareceu que Vossa Excelência pautou sua vida política pela mesquinharia, pelo compadrio, pelo usufruto do poder de Estado para fazer prevalecer seus instintos de clã naquilo que tem de mais retrógrado. Tem me parecido que a ética dos cupinhas é a que preside as suas relações de poder, desde a origem.' Nivaldo Cordeiro


Não bastasse o desconforto causado pelo meu vício afetivo, todo o farto noticiário e o editorial do DomínioFeminino também não me permitem sossego. Há no fundo de minhas lembranças, uma imagem do homem Sarney como pessoa gentil, sensível, generosa e até bonachona. Está bem, também há a imagem de um homem esperto nos negócios, mas que até aqui nada desabona se por esperteza entende-se um bom negociador empresarial. Acho que há esperteza das duas formas; a de levar mais vantagem e a de saber reconhecer um bom negócio a sua frente. Pode estar aqui meu maior desconforto.

Há a lembrança de um homem remoído pelo susto e pela pressão quando de sua posse, como se o padrinho da noiva, de repente, com a desistência do noivo tivesse que assumir o lugar. Um homem perplexo com as tantas e imensas dificuldades políticas a serem enfrentadas e não teria conseguido se não lhe valesse a esperteza política, a esperteza da qual não gosto; todavia, não vejo como sobreviver nesta forma degradada imposta pelo Sistema do Cabresto da centralização do poder. O excesso de poder que tem um presidente no Brasil equivale ao direito de poder tudo, de poder transformar-se até em ditador sem que nada possa ser feito para antecipar ações impeditivas.

Além do mais, não se trata de ser o Senador José Sarney, um homem que faz política à moda antiga porque não vemos nenhum dos jovens políticos, desses meninos que já chegaram há algum tempo ou os recém-chegados, fazerem qualquer coisa de diferente. Nem poderão fazer a menos que optem pelo suicídio político. Nosso Sistema Federativo é retrógrado e viciado em si mesmo. Este meu tempo não viu nenhum político arriscando-se a mudar nada.

A única coisa da qual poderia acusar o ex-presidente José Sarney, sem dó nem piedade seria o fato de que ele não teve coragem para promover alguma mudança no Sistema. E isto, sempre irei cobrar de todo e qualquer vereador, deputado estadual, federal, senador e presidente da república. Enquanto faço as cobranças o gelo continua molhado.

Em outro momento deduzo que meu desconforto ocorre porque o ex-Presidente e atual Senador está ligado – na minha memória afetiva - à beleza dos casarios e dos azulejos de São Luis e, à noite, a lua se espelhado nas pedras de Portugal, bem no alto da Rua do Sol..

Nada disso, esse final patético de pretensiosa tanto quanto ordinária prosa poética acho que é para aplacar minha eterna perplexidade, para suportar tantos marimbondos de fogo e toda a rica fauna política brasileira protegida por leis com vistas à preservação. Enfim talvez, ainda possa ser uma tristeza grande por ver o quanto um homem público joga no lixo uma biografia que poderia ter sido escrita de melhor forma, com um final menos melancólico.


Está longe a hora de acreditar que o Sarney é o último dos marimbondos.

Verde pela Liberdade do Irã!

terça-feira, 9 de junho de 2009

A AGU E CNJ

A AGU e o CNJ assinam acordo, hoje, acabando com a prática da Agvocacia Geral da União de recorrer automaticamente de qualquer decisão judical desfavorável. A medida deve reduzir em até 2 milhões os processos em tramitação - O Globo em 15:02 09/06/2009.

Certa vez perguntei a uma Promotora - que é de esquerda - da AGU, qual era o sentimento dela quando tinha que 'fazer perder' a causa de uma mulher cuja vida do filho havia sido ceifada por descaso do Poder Público, mesmo sabendo que a mãe da vítima tinha razão. - É duro, mas é nosso dever fazê-la perder a causa -, respondeu-me. Isto é que é exemplo de ex-guerrilheiros saciados.

domingo, 7 de junho de 2009

BANALIDADE DO MAL


Maria Lucia Victor Barbosa
29/05/2009

Estaremos no fim de uma era? Essa pergunta não pretende uma interpretação milenarista de cunho profético ou religioso, que prevê catástrofes destruidoras da ordem vigente, a qual seria substituída por tempos de felicidade. Mesmo porque, dificilmente dá para imaginar um mundo onde o mal deixe de ser o locatário.
Seja como for, não se pode deixar de constatar que o mal tem estado bastante ativo. Pior. Está se vivendo a banalidade do mal, expressão da filósofa judia, Hannah Arendt, que tomo emprestado.
Isto não é difícil de constatar, pois nessa época em que valores foram perdidos, os horrores da violência, da impiedade, da indiferença à vida, aumentaram substancialmente. Lideranças perniciosas manipulam a maioria incapaz de discernir sua própria ruína. Através de conceitos deturpados governos utilizam o “duplipensar”, termo criado por George Orwell em “1984”. Desse modo, despotismo passa por democracia. Populismo é visto como defesa dos interesses do povo. Arbitrariedades de toda espécie são apresentadas como exercício de soberania. Intoxicadas pela propaganda enganosa as massas louvam e cultuam personalidades equivocadas. Evolui no mundo o terrorismo que se alimenta do fanatismo religioso. Avoluma-se a corrupção nos meios governamentais e políticos estão se lixando para a opinião pública. Eles sabem que na verdade opinião pública inexiste. Mesmo porque, façam o que fizerem, são eleitos e reeleitos.
Se tudo é processo, foram gestadas nas mudanças mundiais figuras malignas, entre as quais se destacam Mahmoud Ahmadinejad, o fanático e despótico presidente do Irã, e Kim Jong-il, o tirano comunista da Coreia do Norte.
Ahmadinejad, que nega o holocausto, tem como obsessão destruir Israel. E enquanto o presidente norte-americano, Barack Hussein Obama, prefere as luvas de pelica da diplomacia, Ahmadinejad, o odiento, avança em seu programa nuclear pondo em risco não só Israel, mas todo o mundo.
Quanto ao ditador Kim Jong-il, deu demonstração de força ao realizar neste mês de maio seu segundo teste nuclear. Ele explodiu um artefato que pode ter potência comparável à bomba que os Estados Unidos lançaram em Hiroshima, em 1945. Isto além dos mísseis que vem lançando, o que põe em alerta especialmente a Coreia do Sul e o Japão. Um dos mísseis que fazem parte do arsenal da Coreia do Norte, o Taepodong, pode atingir o Alasca e o Havaí. Naturalmente tais atos desencadearam a reprovação mundial, inclusive, a do Conselho de Segurança (CS) da ONU. Até a China, que sustenta a miserável Coreia do Norte se posicionou contra as provocações do homenzinho.
O leitor pode indagar: o que o Brasil tem a ver com tais turbulências? Respondo que tem a ver com a banalização do mal. Isto porque, nossa política externa, comandada de fato por Marco Aurélio Garcia, tem demonstrado uma atração irresistível para o que não presta.
Por exemplo, Ahmadinejad foi convidado a nos visitar mesmo após seu discurso violento contra Israel, pronunciado na conferência sobre racismo promovida pela ONU. Felizmente ele cancelou a vinda e pesaram para isso os protestos de judeus e de movimentos sociais contra a presença nefanda. Ahmadinejad deixou, por assim dizer, seu anfitrião e presidente da República, Lula da Silva, esperando no aeroporto.
Kim, chamado de o “Grande Sol do século 20”, também merece a paixão de nossa diplomacia. Tanto é que pela primeira vez o Brasil poria uma embaixada na Coréia do Norte. O presidente Lula da Silva teve que recolher às pressas a tal embaixada, que ficou postergada para quando o tresloucado tirano, quem sabe, ficar mais calmo e parar de provocar o mundo do alto de seus sapatos de plataforma, tentativa de aumentar sua diminuta estatura.
Na ONU o Brasil vem consolidando a posição de poupar países acusados de violar direitos humanos, como a Coréia do Norte e o Congo. Tampouco menciona esses direitos em seus negócios com a China. E votou a favor de uma polêmica resolução na ONU que poupa críticas ao governo da Sri Lanka e evita investigação internacional sobre crimes de guerra.
Estamos à beira de perder mais um cargo internacional, entre os muitos que já perdemos, diante da escolha do Itamaraty que recai sobre um egípcio antissemita para diretor da UNESCO, em detrimento de um brasileiro.
Na América Latina existe um indisfarçável caso de amor entre Lula da Silva e seus admirados companheiros da esquerda caudilhista: Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correia, Fernando Lugo e o eterno ditador do Caribe, Fidel Castro. Na áfrica o presidente da República visita ditadores e pergunta como fazer para ficar tanto tempo no poder.
Para culminar, o terrorista e assassino italiano, Cesare Battisti, é nosso, sem possibilidade de extradição para a Itália. E, segundo Janio de Freitas, colunista da Folha de S. Paulo, em 26/05/09, “está preso no Brasil, sob sigilo rigoroso, um integrante da alta hierarquia do Al Qaeda, identificado como responsável pelo setor internacional da organização”.
Posteriormente foi dito que o homem chamado apenas de K tinha sido solto e o ministro da Justiça, Tarso Genro, defensor da permanência de Battisti no Brasil, desmentiu o relacionamento de K com a organização terrorista. Será isso mesmo?
Tudo é aceito com indiferença. Tudo está banalizado. Inclusive, o mal.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
mlucia@sercomtel.com.br