domingo, 16 de janeiro de 2011

Choramingando, por quê ?




Há uma semana o Brasil vem se postando de joelhos e se arrastando também genuflexo com a mesma fúria das enxurradas de lama e água. Igualmente furiosa tem sido, por séculos, a distância entre o Dever do Estado em relação ao povo que o legitimaria, se a função para qual ele foi criado, e bem pago,  fosse exercida: cuidar do indivíduos pagadores de impostos.

Só agora a imprensa brasileira chama atenção para as proporções comparativas entre as enchentes que abalaram, em escala muito mais dramáticas, a Austrália. Crocodilos e cobras em fuga juntamente com as populações. Em território equivalente ao Estado de Minas Gerais e São Paulo, a extenção do que acontece no Estado do Rio de Janeiro é nada. Deveria ter sido nada. Lá, na Austrália, apesar da descomunal desproporção comparada com o parte do Estado do Rio de Janeiro, o total de vítimas fatais foram de 29 pessoas.

O que faz toda a diferença do mundo é que, apesar de ligado à Coroa Britânica, a Austrália antigo presídio, com apenas 190 anos de independência, tem um sistema federalista autonômico. Um sistema administrativo descentralizado e por isto mesmo, autonômico. Tem um Estado pequeno e forte e ágil porque é descentralizado. A Austrália tem Constituição ( com base do Direito da Commonwealth Law, ou Direito Consuetudinário ) e cumprida à risca.

Somente com base numa Constituição verdadeira um povo tem conhecimento e segurança para conhecer seus deveres e direitos. E da mesma forma, reclamá-los.

O que se tem presenciado e ouvido nesta última Semana da Vergonha Nacional é uma manipulação - alegremente aceita - do Estado sobre os indivíduos. Aquele repassa para estes o DEVER que lhe cabe e como ovelhas felizes, saem balindo. A grande malandragem da Esquerda, e não só a esquerda petista, foi a desconstrução da palavra Solideriedade que nada mais significa, hoje,  do que "o trabalho do Estado foi transferido para o povo ".  "O povo é culpado pelas mazelas e desgraças, então ele tem que pagar" - como se dissesse.

Com a presença do Estado e o dever exercitado, qualquer iniciativa individual teria outros nomes, tais como generosidade, caridade, ação humanistica e outras. Com a desconstrução da palavra solidariedade, enxertaram nela outro conceito: Dever. O indivíduo passou a ter o Dever de trabalhar em substituição ao dever do Estado e dos governantes. Mas o povo acha lindo ser "solidário" no conceito que foi imposto. O povo não se dá conta, nem na pancada.

As catástrofes passadas, a última do ano de 2010 não serviram para nada. O povo continua sem aprender, sem pensar, sem agir da maneira adequada que é pela mobilização constante para realizar o exercício permanente de ações indispensáveis para conter os desmandos de todos e quaisquer governos em todas as épocas. Seja ele Governo Federal, Estadual ou Municipal. Ações dirigidas ao enquadramento dos seus governantes.

A sensação de ser útil atrai a todos e governantes contam com a *solidariedade* de um povo inexperiente, que não sente que está sempre à disposição e trabalhando no lugar daqueles tão bem refestelados nos Cofres da União. O povo brasileiro não percebe que é patrão e não é escravo deste ou daquele governante. Alguns pergutarão: - "mas vamos deixar as pessoas morrerem sem comida e água e roupa ?"  e ainda irão acrescentar: "Nós somos humanos e nos condoemos com o sofrimento alheio !"

Boas perguntas para um povo emocional que vive de momentos. Contudo, a resposta é não se esquecer depois que a terra secar e os mortos, enterrados, não mais federem. A melhor resposta é pegar pelo rabo todos que politicamente representam o Estado. Fazer disto uma missão renovada a cada segundo. Eis porque sem querer o próprio povo é conivente com tantas desgraças.

Talvez por se saberem coniventes é que as pessoas precisam limpar as consciências e participar festivamente das campanhas de socorro. Ou, por achar que é a única coisa existente ao alcance delas para que todos possam pensar que está mundando alguma coisa. Exemplo disso é a comparação que se faz com evento australiano,  semelhante, mas,  pior do que nos acontece neste momento. Lá, o Estado não transferiu para ações individuais seu dever e sua obrigação de Estado empregado do povo.

O saldo do vício da *solidariedade * repetida até aqui totalizam 611 mortos. O Estado  agradece sensibilizado que todos os brasileiros lhe esteja sempre poupando dos deveres, sem nenhum abalo à credibilidade dele.

Dor de barriga não dá uma vez só. Como tantas outras do passado, muitas mais virão e a *solidariedade* resolverá tudo.

Recordando a útima dor de barriga de 2010:




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