sexta-feira, 5 de agosto de 2011

As várias indumentárias do erro



A polêmica em torno do comercial da Nissan, os Pôneis Malditos, tutelado pela censura do CONAR criou ambiente muito favorável à censura descarada. Isso é um caso vital para que as Agências de Propaganda e Publicidade cuidarem mais do que muito melhor podem fazer.

Há muitos e muitos anos venho me ressentindo da qualidade dos comerciais exibidos nos canais de TV.  Não no tocante à qualidade gráfica. Aqui, realmente exibem grande poder tecnológico, principalmente em animações.

Mas nem só de beleza visual se compõe um comercial e o material veiculado é apenas parte de todo trabalho, que é grande em esforço desde o departamento de criação e redação. Tem-se, hoje, a impressão de que o velho brainstorming morreu. Com quantas pessoas em grupo as agências fazem o brainstorming ?


No meu tempo de P&P  a hora do brainstorming era ocasião para muita adrenalina e muita capacidade critica exercida dentro do próprio grupo. Ria-se muito das besteiras que brotavam. Era sempre grande dia de dinâmica de grupo como se diz por estes tempos. Contava-se com muita gente para podar insensatez que surgisse. Enquanto isso, o storyboard sendo criado, ia nos apontando o caminho para futuras aparas. Grosso modo,  lá adiante entrava criador de jingle  e redator competentes.

O que vejo de errado na maioria dos comerciais é a valorização da estética em detrimento da redação no uso da mensagem. O que é falado tem pouca importância, não é mais uma associação integrada à mensagem em voz falada ou cantada ( para usar linguagem que é desconhecida aos leigos no assunto ). A passagem de tempo - na hora da abertura do capô do carro ) foi a hora exata da grande falha.

A falha foi apenas uma, mas o suficiente para aberrar todo o trabalho. Faltou associação clara sobre o que a voz das crianças estava fazendo ali. Crianças não compram carros nem influenciam na aquisição dele. Então porque vozes infantis, não se soube. Querer fazer comparação entre pôneis e animal ligado às crianças não está errado, não é isso. Tão pouco é o uso do vocábulo "malditos".

Então o que houve de errado foi apenas o uso da associação da voz infantil sem uma passagem de tempo. Passagem para dizer que os malditos pôneis eram impostores demoníacos se fingindo de doces criancinhas que para o público adulto não tem a menor importância, ele consegue distinguir mesmo sem o recurso. Porém, as crianças não percebem que o mal das profundezas dos infernos se mimetizam.

A inestimável colaboração da propaganda e publicidade para ação como esta foi decisiva. Outro ponto: digam-me a garantia de que um trabalho de infiltração da esquerda não esteja completo, também, nesta área, quem garantiria? Eu, nunca garantiria, pelo contrário, sempre analiso os comerciais com dois  pés atrás. Há sutilezas subliminares mil que vão desde imagens inocentes a sinais não dectados pelo simples olhar ou audição, uma palavrinha de nada.

O fato é que apenas no fim do comercial vem a revelação de que os doces pôneis nada mais eram do que "coisa ruim" metamorfoseada. Tardia demais. O brainstorming falhou feio.



Como demonstração dos meus argumentos, veja aqui o comercial da Coca-Cola com um belíssimo trabalho de animação cuja vocalização da mensagem está perfeita do ponto de vista de criação. Adianto que desconheço a Agência.


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