terça-feira, 19 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2 e a platéia



Tropa de Elite 2 e a platéia


Contrariando o assenhoramento mentiroso da CUT, em sua nota, publicada no G1, José Padilha afirma que a campanha presidencial desta eleição demonstra "desrespeito ao eleitor brasileiro" - confira abaixo a íntegra.

"Parafraseando o filósofo americano Henry David Thoreau, gostaria de esclarecer que eu não pertenço a nenhum partido, grupo político, agremiação, sindicato ou lista de apoio a candidatos, na qual eu não tenha me inscrito voluntariamente; e que ao contrário do que certos sites e tweets têm afirmado, e do que consta em lista de apoio enviada por um grupo que apóia a candidata do PT para os grandes jornais brasileiros, eu não aderi a candidato algum nesta eleição pelos motivos explí¬citos em Tropa de Elite 2. É uma pena que a falta de crítica e de compromisso com a verdade esteja sendo a principal marca dos dois lados desta campanha presidencial. Um desrespeito ao eleitor brasileiro. José Padilha, diretor de Tropa de Elite 2"

Por todos os lados a esquerda tenta se apropriar e realçar e justificar as "assertivas" - palavrinha bem à gauche, de seus militantes e fazedores de cabeças. Hoje, o Globo publicou artigo assinado por um doutrinador famoso em Ciências Políticas - todos são famosos - , Antonio Engelke demonstrando por A+B que Padilha e Nascimento teriam finalizado a equação: os cientistas políticos que vociferam nas faculdades e universidades são os senhores da razão. Antonio Engelke exibe Marcelo Freixo como o grande iluminador do Capitão Nascimento. Mentira  que revolta. O artigo é uma mentira deslavada, uma propaganda para cooptação, tal como a estrtégia do personagem professor Fraga.

Saía eu, emocionada, de uma visita  a um amigo a quem não via há 30 anos. Um amigo, uma pessoa a quem sempre dediquei imensa admiração e respeito. Saia  exausta emocionalmente. Foi um reencontro muito forte para mim pois conversamos à cerca de pessoas ilustres que escreveram parte da nossa História e que foram e são caras a ambos. Reminiscências proibidas em meio à desregradas práticas dos nossos momentos.  A este encontro, levei meu filho mais velho, um jovem adulto,  por vários motivos mas, o principal deles era mostrar a ele o meu orgulho em ter a amizade de pessoas como aquela.

Com uma armadilha meu marido me pega para ir ao cinema. Fomos os três assistir Tropa de Elite 2. Muito próxima à tela de projeção eu estava desconfortável por tudo. Quis sair logo no início, como se já soubesse o que me esperava. Permaneci na sala e deixei tudo correr. Estranhei e perguntei ao meu marido o que havia acontecido com as pessoas que não batiam mais palmas no cinema - parece que havia uma transferência insólita de palmas para dentro das Igrejas. De repente surgiram palmas e não me recordo o exato momento. Vibrei. Bati palmas com entusiasmo redobrado: meu entusiasmo estava mais para catarse.

Porém, batia palmas ao mesmo tempo em que ia reconhecendo os rostos dentro da minha memória, ao mesmo tempo em que eu ia apertando mãos, ouvindo voz entusiasmada ao telefone e sorrisos calhordas, Nascimento e Padilha estavam me conduzindo. Dentro de mim, explodi em fúria, a mesma fúria do Nascimento diante do engôdo, diante da frustração de não ter reconhecido que os meus políticos, todos, estavam alí, com a mesma descontração e sorriso que me ofereciam em minha casa, dentro da minha casa !!

Sempre me esforcei em acreditar que os políticos do crime não eram aqueles a quem eu conhecia, os políticos do crime eram os políticos aprovado por outras pessoas. A bem da verdade, acho que nunca desejei acreditar que eu e minha família, constituída por pessoas totalmente honestas pudesse ter ligações ainda que ingênuas, com todos aqueles que beberam em nossos copos e jantaram nosso alimento suado e comessem do nosso prato. Todos eles que me apertavam a mão com falso respeito e sorriso de lobo, eu os vi ali, e muitos ali estavam pelos meus votos. Então, eu não poderiam me dizer nenhuma ingênua ou inocente, como, sinceramente,  gostaria de poder dizer a mim mesma, mas não poderia dizer porque há algumas décadas eu já tinha total conhecimento.

A única coisa que me confortava, mas não me livrava do mal era mesmo o fato de saber como suas existências me deviam. Mas eu nada devia a eles, a nenhum deles porque sempre segui meus princípios de pedir a estranhos e nunca pedir nada a nenhum político ou por meio deles. Sequer pedir ao Nascimento ou ao falso doce e idealista Prof. Deputado Fraga, tão sequioso de poder quanto qualquer outro. Fragas, continuam não aprendendo que eles são só instrumentos de um lado que se pretende acima do mal, mas também são o mal. Enganam e distorcem as verdades para conquistarem espaços no Sistema.

O ápice da angústia ocorreu na cena final, em que o Capitão-Tenente, Nascimento, vai testemunhar à CPI da Assembléia Legislativa. Não na mesma condição, mas eu já estive ao microfone da Câmara dos Vereadores, Casa do outro lado, dando vazão à minha inconformação com o Sistema, durante uma audiência pública. Estão lá, gravadas nos anais daquela Casa, em torno de mais de três páginas mesmo que tenha provocado muito constrangimento às autoridades presentes e não eram, somente, vereadores. Eram deputados em sua maioria ocupando lugares de distinção à mesa de composição das autoridades. Mesmo que tenham à ultima hora tentado negar-me à palavra, mantive-me decidida a falar e o fiz.

Ao contrário da platéia do Capitão Nascimento, minha platéia era formada de eleitores e pagadores de impostos, todos funcionários públicos e ongueiros. Meu discurso foi dirigido àqueles, também, falsos cegos e surdos, votos manipulados e comprados, com autorização dos seus donos. Ao contrário do choro de raiva que me acompanhou durante quase toda a exibição do filme Tropa de Elite 2, meu discurso foi seco, sem direito à nenhum tipo de molho.

Ao final daquele meu discurso, pensava que iria sair da lá debaixo de tapas. Não! Para meu espanto, fui efusivamente aplaudida e seguida por inúmeros ouvintes. Por quê ? Porque a platéia pensava que eu sairia candidata a algum cargo de representação, que talvez estivesse fazendo um caminho como fez o Professor Fraga e fazem seus discípulos e todos os que têm alguns minutos de fama. Os professores Fragas, até aqui,  são o mesmo lado da moeda podre.

2 comentários:

anamaria disse...

Querida Maria da Penha. Uma pena eu não estar nesta mesma sessão de cinema. Teria engrossado a salva de palmas. Bjs.

Anônimo disse...

Cara Maria da Penha

Caí em seu blog por acaso, googlando outra coisa. Mas eis que aqui estou, então achei por bem respondê-la.

Bom, em primeiro lugar... Não tenho este poder todo que vc me imputa. Não "doutrino" ninguém. Tampouco sou senhor da razão. Sou apenas um jovem, ainda estudante, que gosta de tomar parte em questões relevantes da vida pública. Dou a minha opinião, como é natural em países democráticos.

Um filme, como um livro, é aberto a interpretações. Eu tenho a minha. Não acho que interpretações diferentes da que possuo sejam "mentiras deslavadas". Posso acha-las equivocadas, ou insuficientes, mas não mentirosas. Creio que apenas aqueles que se julgam os donos da verdade estão inclinados a chamar outras interpretações de "mentira".

Eu colocaria a questão da seguinte forma: se não houvesse o Fraga na história, até aonde Nascimento teria realmente "aberto os olhos"? O grampo, por exemplo, não existiria... E com quem a reporter falaria? E sem a CPI, Nascimento teria dito o que disse, daquela forma?

Grande abraço,

Antonio Engelke